Minha jornada até a verdadeira magia não começou com encantamentos que se realizavam instantaneamente ou com poderes manifestados ao estalar de dedos. Começou, sim, com falhas, frustrações e uma sensação profunda de impotência. 

No início, quando encontrei o antigo livro de magia de minha avó, nada funcionava. Eu seguia cada palavra, cada gesto descrito nas suas páginas desgastadas, mas os feitiços pareciam mortos para mim. Cada tentativa falhada fazia com que a dúvida crescesse: talvez eu simplesmente não possuísse o dom.

Após perder minha avó, a única família que eu tinha, a solidão me consumiu. Em minha desolação, tentei recorrer aos antigos feitiços de sua coleção, buscando apenas um sopro de alívio ou escape.

Nada funcionava. As palavras pareciam vazias, e cada gesto era como desenhar símbolos na água. Eu estava à beira do abismo, questionando minha sanidade, minha existência.

Na noite em que pensei em desistir, uma visão veio a mim sob a lua cheia. Era minha avó, ou talvez minha própria alma, falando de um lugar de paz. Ela me disse que a chave não estava nas palavras ou nos gestos, mas dentro de mim. Eu precisava purificar minha dor antes de poder tocar a verdadeira magia.

A magia não falhava por falta de poder, mas porque eu não estava verdadeiramente preparada para canalizá-la. Eu estava tentando forçar um poder pelo qual ainda não havia passado pelo processo de despertar.

Percebi então que antes de tentar moldar o mundo à minha volta, eu precisava moldar a mim mesma.

Eu me entreguei ao processo de cura, abraçando a dor e transformando-a em força. À medida que me curava e ganhava autoconfiança, os feitiços começaram a responder. A magia fluía, não como um truque, mas como um testamento de minha jornada interior e renovação.

Quando finalmente me alinhei com minha verdadeira essência, os feitiços começaram a funcionar. Não era o livro que possuía magia – a magia estava em mim, esperando para ser despertada.